UM PÁSSARO QUE ATRAVESSA FRONTEIRAS
DIVULGANDO A CULTURA DO NORDESTE DO BRASIL
Como professor do Curso de Música da Universidade Federal do Ceará/UFC – Campus Cariri; líder do CEMUC-Centro de Estudos Musicais do Cariri e coordenador do MAPEAMUS (Programa de Extensão) tenho estudado há mais de três anos os agrupamentos musicais e demais artistas ligados à música caririense. Apesar disso, conheci Gilvan Grangeiro inusitadamente, por intermédio de sua filha, Isabel Grangeiro e não através de pesquisas.
Na ocasião, Gilvan Grangeiro traduzia em versos e música sua percepção sobre o Cariri; sobre o recém-criado curso de música da UFC, em Juazeiro do Norte e, muito modestamente e com o cuidado de um pai, falava também de sua alegria em ver sua filha na Universidade, estudando música e lhe ensinando muitas coisas.
Gilvan Grangeiro é um poeta, “[...] um pássaro do chão do Cariri [...] divulgando a cultura nordestina [...]” atravessando “fronteiras todo dia”. Como pensar o Cariri sem os cantadores? Impossível! Gilvan é parte de uma parcela mínima da população criativa, cujas ideias traduzem, poeticamente, com extrema grandeza e indubitável habilidade as belezas do sertão nordestino. E é do Cariri que vem outros hábeis artistas da palavra, do texto, do improviso, como Patativa do Assaré e Pedro Bandeira, para citar apenas dois.
Os cantadores-repentistas-poetas do cariri trazem consigo uma história que é a verdadeira história do nordeste do Brasil, assim como os vaqueiros. São eles, sem dúvida, patrimônio de nossa cultura, responsáveis por sintetizar, num improviso súbito, mas bem elaborado, a “paisagem cultural” de uma região. O ponteado na viola; o cantar esganiçado; o palavreado nos transporta e até a quem não conhece a uma realidade de cheiros e gostos específica de uma região. Assim, é Gilvan Grangeiro, que não apenas exerce a função de poeta, mas também incentiva e defende esta arte, e assim o faz através de sua atuação como artista e gestor cultural.
Crato, 3 de Julho de 2013